VERSOS DE PEDRO MARQUES

Sou um simples brasileiro
nascido na cidade de Goiana
minha pequena e querida cidade
da Zona da Mata pernambucana

Tenho paixão pelo desenho
desde que eu era criança
agora me atrevo como poeta
para versejar com segurança

Trabalho no estado vizinho
aquela encantadora Paraíba
sou funcionário concursado
lá tive excelente acolhida

Reuni trabalhos arquivados
para neste blog tornar conhecido
é o Blog do Pedro Marques
quem acessar fico agradecido.

A QUEDA DOS ANJOS REBELDES 2

A QUEDA DOS ANJOS REBELDES 2
Acrílica sobre tela (1mx90cm) - Pedro Marques

sábado, 26 de fevereiro de 2011

CORREIA PICANÇO, O GOIANENSE FUNDADOR DA 1ª ESCOLA DE MEDICINA DO BRASIL


José Correia Picanço nasceu na então Vila de Goiana, província de Pernambuco, em 10 de novembro de 1745, filho do cirurgião-barbeiro Francisco Correia Picanço e de Joana do Rosário das Neves. Os estudos primários foram concluídos na sua cidade natal quando já era adolescente. Sua família mudou-se para Recife e Correia Picanço passou a dedicar-se à profissão de seu pai. Assimilou-a e praticou-a tão bem que chamou a atenção do então governador da província de Pernambuco (1763-1768), Antônio de Souza Manoel de Menezes, Conde de Vila Flor, que o nomeou, em 1766, Cirurgião do Corpo Avulso de Ofício de Ordenança de Estradas e Reformados.
Mas, a meta profissional de Correia Picanço era ir além dessa nomeação. Na época, o título de Cirurgião-Barbeiro era importante, mas atribuído apenas às pessoas que sabiam ler e escrever e as suas atividades eram baseadas em parcos conhecimentos médicos que se limitavam ao tratamento de fraturas e luxações, a cura de feridas, a aplicação de ventosas, injeção e sanguessugas, a abrir abcessos, a extrair dentes e, também para justificar o título, cortar cabelo e fazer a barba.
Sendo assim, e por sua dedicação à arte de curar, o governador o enviou para Lisboa, onde Correia Picanço recebeu o título de Licenciado em Cirurgia, após o curso regular na Escola Cirúrgica do Hospital São José. Em seguida, de Lisboa ele foi para Paris e lá conquistou o grau de "Officier de Santè" (Oficial de Saúde). Na capital da França, fixou residência e consultório, e casou com Catarina Brochot, filha de um de seus mestres, Dr Claude Sabatier Brochot. Dessa união nasceram Manoel, Felipe, José, Antônio Correia Picanço e Izabel Brochot Picanço da Costa.
Em 1771, regressou a Lisboa, reinstalou seu consultório e foi nomeado, pelo Marquês de Pombal (Sebastião de Carvalho e Melo), professor da Cadeira de Anatomia da Universidade de Coimbra. Entretanto, como não tinha o grau de Doutor em Medicina, foi desprestigiado pelos colegas de ensino. Este fato foi mais que um incentivo para Correia Picanço retornar a Paris, matricular-se na Universidade de Montpellier, e obter o cobiçado título de Doutor em Medicina. Dessa forma, retornou a Coimbra e reassumiu a Cadeira de Anatomia, que professou durante dezoito anos. Inovou nos métodos didáticos quando introduziu o ensino da anatomia sobre o cadáver humano. Anteriormente, os estudantes utilizavam apenas animais.
Na década de 1790, de volta para Lisboa, exerceu cargos públicos relevantes: Primeiro Cirurgião da Real Câmara, Cirurgião-Mor do Reino e Deputado e membro nato da Real Junta do Promedicato (Junta de médicos que faziam inspeções sanitárias e fiscalizava as farmácias, chamadas àquela época de boticas).
Em 1870, devido à invasão napoleônica, D. João VI transfere-se com a família para o Brasil e José Correia Picanço, Primeiro Cirurgião da Real Câmara, o acompanha. Chegaram ao Brasil, na Bahia, em 1808. Com sua experiência profissional reconhecida e percebendo a carência de médicos formados no território brasileiro, Correia Picanço preocupou-se em incentivar o Príncipe a solucionar esse problema. Em Carta Régia de 18 de fevereiro de 1808, foi autorizada a criação, na Bahia, da Escola de Cirurgia no Real Hospital Militar de Salvador. Surge, dessa forma, no Brasil, o primeiro estabelecimento de ensino médico.
Em março de 1808, com a mudança da família real para o Rio de Janeiro, e também atendendo proposta de José Correia Picanço, D. João criou, através de decreto de 5 de novembro de 1808, a Escola de Anatomia Cirúrgica e Médica.
Além de sua valiosa participação nesses dois fatos relevantes para a história do ensino médico no Brasil, tem-se registro de que José Correia Picanço acompanhou, no Rio de Janeiro, o parto da primeira imperatriz do Brasil, a D. Maria Carolina Leopoldina que dera à luz a D. Maria da Glória, Princesa da Beira, e depois Rainha de Portugal; também foi atribuída a ele a realização, em 1817, da primeira operação de cesariana no Brasil, ocorrida na província de Pernambuco, em uma mulher negra. Como última homenagem em vida, recebeu o título de Barão de Goiana concedido pelo Imperador D. Pedro I, em 26 de março de 1821.
José Correia Picanço morreu no dia 23 de janeiro de 1823, aos 78 anos, com os seguintes títulos adquiridos ao longo de uma vida dedicada ao ensino médico e à medicina: Licenciado em Cirurgia (Paris); professor de Anatomia (Coimbra); 1° Cirurgião da Real Câmara; Cirurgião-Mor do Reino; Deputado à Real Junta de Prontomedicato; Membro da Real Academia de Ciências de Lisboa; Fidalgo da Casa Real do Conselho de Sua Majestade; Cavaleiro e Comendador Honorário da Torre e Espada; Primeiro Barão de Goiana; Nobre do Império; e fundador do ensino médico no Brasil.
Em sua memória foram realizadas diversas homenagens em todo o Brasil. No bairro da Tamarineira, o governo inaugurou um hospital com o seu nome e, em 1958, Correia Picanço foi aclamado Patriarca da Medicina Pernambucana no I Congresso Pan-Americano de História da Medicina e no II Congresso Brasileiro de História da Medicina. Deixou apenas uma publicação: Ensaios sobre os perigos das sepulturas dentro das cidades e nos seus contornos, Rio de Janeiro, 1812.

Nenhum comentário:

Postar um comentário